No início da noite, estive assistindo on-line, através do IPTV Cultura (para maiores informações, acesse ao post anterior), um debate com seguinte tema: “A Inclusão Digital e a Mobilização Social”. Participaram da mesa redonda o cantor Lobão, Fábio Lima (Estadão e Rádio Eldorado) e o mediador Rogério da Costa (consultor da GTE). Embora a conversa tenha fugido muito do tema e o Fábio Lima tenha passado quase que despercebido da discussão (resultado da fraca atuação do mediador e, principalmente, porque ele simplesmente parece não conhecer realmente como funcionam as redes sociais), mesmo assim foi bem interessante de assistir. Concordando ou não com as opiniões, são visões diferentes. É sempre bom ouvir novas idéias. Por esta razão, venho através deste texto colocar minha visão sobre o tópico Mobilização Social.

Um dos argumentos levantados inicialmente foi o seguinte: “a internet tem deixado as pessoas mais acomodadas? Afinal, elas não saem tanto para rua, em protesto, como faziam em outros tempos”. Sobre este argumento eu digo: existem momentos específicos para cada tipo de reação. O país não vive mais tempos de ditadura. Foi um outro momento. Seria bem estranho o povo brasileiro utilizar um meio de comunicação, que obviamente estaria sofrendo forte censura, para mostrar sua voz. Tinha que ir para as ruas mesmo! Juntar gente. Mostrar união das pessoas em desaprovação do “bem maior” que os governantes pregavam.

Porém, existem outros tipos de reivindicações que não necessitam de tal atitude. Tudo é uma questão de saber utilizar o meio de comunicação correto. Alias, você se lembra daquela clássica cena do filme Tropa de Elite da passeata? Várias pessoas, vestindo roupas brancas, carregando cartazes (acho que até tinha aquele clássico gesto com as mãos imitando uma pomba) pedindo paz. Quantas ações destas já ocorreram só no Rio de Janeiro? A mortalidade parou? Ou melhor, diminuiu? O problema está, claramente, na forma de execução do protesto.

Aqui na minha cidade existe um projeto chamado “Minha rua é dez”. Consiste de uma aliança entre os moradores da rua e a polícia militar com o objetivo de diminuir o número de assaltos. Não vou dar muitos detalhes pois, na verdade, não sei exatamente como funciona. Mas já conversei a criadora desta idéia e ela me informou que viu bons resultados na sua rua. E, o melhor de tudo, outras pessoas se interessaram pelo sistema e também implementaram em várias outras ruas pela cidade. Este é um ótimo exemplo de mobilização social que deu certo! A criadora poderia simplesmente ter organizado uma passeta e ganhado espaço de divulgação no jornal. Porém dias depois ninguém se lembraria disso.

O Brasil possui uma quantidade enorme de ONG’s com ótimas propostas. Mas tem tido dificuldade de encontrar espaço de divulgação. Jornais preferem dar mais atenção a um evento. Algo que cause comoção, mesmo que este não seja de real importância ao leitor (não vou voltar neste assunto, afinal, já falei muito sobre isso neste outro tópico). É por isso que a internet acaba sendo uma ótima mídia para divulgação (isso, é claro, se tal propaganda for bem idealizada).

Alias, eu concordo com o fato que os usuários da internet poderiam ser bem mais atuantes. E também que existe, por uma grande massa de internautas, uma falta de sabedoria em utilizar esta ferramenta. Mas eu digo: esta é uma época de transição para muita gente. Pessoas que estavam acostumadas a ficar, imóveis e sem interação, na frente da televisão apenas assistindo, em boa parte da programação, diálogos que não contribuíam para seu crescimento intelectual e cultural. É necessário tempo para se acostumar e aprender a usar com sabedoria estas ótimas ferramentas de comunicação: celular, MSN, Twitter, blog, etc.

Eu poderia ficar aqui por mais tempo falando de bons exemplos de mobilização social através da internet como protestos utilizando música, casos de abaixo assinado, denúncias em blogs e por aí vai. Mas acredito que já consegui expor minhas idéias. As novas ferramentas que tem surgido tem mostrado seu ótimo poder de transmitir informação. Para uma quantidade bem maior de pessoas. Prova disso é que fiz este post baseado em uma palestra que pude assistir horas atrás, ao vivo, mesmo estando muito distante do evento.