Recentemente, li uma entrevista polêmica na revista Superinteressante com o professor Mark Bauerlein, da Universidade de Emory. Escritor do livro The Dumbest Generation, ele acredita que a atual geração, com menos de 30 anos de idade, é a mais estúpida da história. Jovens, cada vez mais envolvidos com as tecnologias da modernidade, acabam perdendo muito tempo em futilidades sociais(Orkut, MSN, celulares). A falta leitura de qualidade, diálogo com os pais (envolvimento apenas com pessoas de mesma idade) e tempo gasto em isolamento em seus quartos geram garotos cada vez mais ignorantes, inexperientes e egoístas.

Embora concorde com alguns pontos apontados pelo professor, não dá para entrar em total acordo com ele. Gostaria de colocar aqui meu ponto de vista sobre os 4 pontos que, segundo ele, fazem a internet piorar a inteligência dos jovens:

Curiosidade intelectual: Se for para falar de uma forma generalizada, nada justa é claro, poderíamos dizer que a juventude deste século passa muito tempo na frente do computador, a da década de 90 em frente da TV, a da década de 80 nos fliperamas, a de 70, sei lá, drogas e rock’n roll. Toda a geração possui sua característica. E, mesmo assim, não deixamos de produzir grandes representantes empreendedores, políticos, educadores, etc.

Como foi bem dito por Bauerlin mesmo, o problema não é tecnologia, e sim como a pessoa a utiliza. Tudo nesta vida são fases. O que é moda agora, não o será amanhã. Agora para uma adolescente pode ser divertido gastar um bom tempo de sua tarde lendo e escrevendo scraps no Orkut, mas chegará uma hora que as responsabilidades chegam e prioridades se levantam. E a necessidade por informação, mais complexa, brotam em sua vida. Tudo no seu devido tempo.

Conhecimento histórico: Um ponto interessante da entrevista foi o seguinte comentário: “estudamos dom Pedro 2º só para saber quando ele nasceu, as coisas que ele fez e o ano em que morreu? Ou estudamos figuras históricas como essa para desenvolver idéias sobre caráter, honra, inteligência e moral?”.

Concordo plenamente! Porém, convenhamos, a responsabilidade sobre esta situação não cabe a geração Y, mas sim a metodologia utilizada nas escolas. É assim que a matéria é repassada para o aluno. Não me lembro de discussões neste nível durante minha graduação. E, acredito sim, seria muito bom para expandir as idéias.

Consciência cívica: A falta de diálogo e, conseqüentemente, a transmissão de valores entre as gerações são resultados da ausência de tempo para se separar com a família. Trabalhos nos consomem cada vez mais tempo, uma necessidade absurda por necessidade de se manter, a cada segundo, sempre bem informado, entre outras razões. Estas sim, são razões pela falta de comunicação vertical. Não a internet.

Hábitos de leitura: Depois de minha saída da rede social mais popular do Brasil, reconheço que mantive muito preconceito sobre a razão de existir desta. Baixa produtividade gerada, baixo nível de conhecimentos proporcionados, etc. Mas tem algo que não posso deixar de reconhecer: elas estão praticando a leitura. Deixar seu estado total inatividade diante da televisão para interagirem, já é um avanço. E, digo mais, a distribuição de conteúdo em uma simples conversa, gera uma curiosidade nas pessoas por novas experiências que a internet pode prover.

Portanto, no meu ponto de vista, tudo é uma questão de momento. O crescimento intelectual e social dos usuários passa por estágios. Não se cria, por exemplo, interesse de ler um livro clássico do nada. O hábito da leitura é constantemente aprimorado com a freqüência nesta. Falo por experiência própria!