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22 de outubro de 2009


Quem me acompanha no Twitter sabe o quanto eu gosto do seriado Family Guy (Uma Família da Pesada). Aparentemente o pessoal que trabalha no FX tem a mesma opinião (e eu que achava que o SBT exagerava com o Chaves), afinal, são uns seis episódios diários espalhados durante toda programação do canal. Uma maratona com Peter Griffin e sua família é a minha sessão de spa.

Se o humor nacional está invadido pelo “politicamente correto”, o modelo americano parece não conhecer isso. O limite entre o engraçado e o ofensivo não é claro, varia de pessoa para pessoa, sendo assim, a série gosta de arriscar e provocar. Aliado a um ambiente de trabalho sem censura, o seriado faz piada sobre o próprio canal de televisão (FOX) e, por que não, com o próprio país (nesta cena abaixo, Peter Griffin, desesperado para ir ao banheiro, não encontrou papel higiênico).


Mas a razão desta postagem é outra. Recentemente saiu a notícia de que a Microsoft financiou a produção de um episódio especial de Family Guy para apresentar ao mundo seu novo produto: o Windows 7. Com o nome de Family Guy Presents: Seth & Alex’s Almost Live Comedy Show, que irá ao ar no dia 08 de novembro, espera-se que o programa mostre algumas das novas utilidades disponíveis em seu novo Sistema Operacional. A notícia foi recebida por mim com surpresa e expectativa. Afinal, será que eles farão piada com a própria Microsoft? Bom, esta foi a primeira impressão. Pelo menos, até ver o vídeo promocional disponibilizado no Youtube:



Tirando o fato da dublagem do cachorro Brian estar fraca (quem já viu a cena original percebe a diferença), ficou claro que os personagens foram colocados em uma situação totalmente fora do natural. Não sei se é só uma impressão minha, mas a personalidade do Brian é mais compatível a de um usuário Linux. Essas frases em sua boca apenas o descaracterizam, não gera reconhecimento por parte do público.

A opinião não é só minha. Se você for olhar nos comentários do Twitter e no próprio Youtube você consegue sentir isso. A imagem da Microsoft não é das melhores para o grande público, e colocar uma personalidade, seja esta qual for, em uma situação nada natural não vai ajudá-los.

Eu digo tudo isso pois não é a primeira vez que a Microsoft comete o mesmo erro. Recentemente a empresa fez um investimento milionário em uma campanha publicitária com o humorista Jerry Seinfeld (que ficou mundialmente conhecido pelo seriado Seinfeld). Os vídeos divulgados não agradaram ao público. O Computer World chegou a divulgar a crítica: “um dos piores e mais fracos comerciais da história”. Tudo por quê? Não tinha nada relacionado com as obras do humorista.

Não adianta! A Microsoft vendendo uma imagem que não reflete o que ela realmente é vai gerar resultados tão ruins quando sua outra campanha: Internet Explorer 8 (com uma cena escatológica que mais parece um episódio de South Park). Resultado: vídeo tirado do ar.

Claro que não posso dizer que a campanha do próximo mês será um fracasso. A única informação disponível até agora foi este vídeo promocional. A questão é que este já mostrou falhas que, se repetirem durante todo o programa, serão cruciais para colocar mais um exemplar mal sucedido no currículo da empresa de Bill Gates.

Como fã de Family Guy, eu ainda confio que Seth MacFarlane (criador e dublador da série) não irá me decepcionar. Se a essência da série for mantida, poderemos ter um ótimo programa. Pela descrição que dei acima, o que gostaria de ver no especial? Piadas sobre a própria Microsoft! Sim, tem como satirizar a empresa e, ao mesmo tempo, fazer propaganda dela! Não é comum, mas é possível.

Brincar com o fracasso do Windows Vista e com o inconveniente Clipe de ajuda do Microsoft Word, seriam naturais para Family Guy. E não atrapalharia de forma alguma a proposta da Microsoft. Mostraria apenas que eles corrigiram seus erros do passado. O Zune, tocador de MP3 concorrente do iPod, que já foi bastante ridicularizado no passado. Agora, em sua última versão, está recebendo vários elogios. Logo, qual o problema de se brincar com o passado? Family Guy já fez isso:



Aos moldes do estilo de humor Roast, esta campanha teria tudo para ser um sucesso. Nada como saber rir de si próprio. Seria a uma boa estratégia da Microsoft para diminuir a sua imagem de “evil”. Tudo dependerá da execução. Eu estou ansioso pelo resultado. E você?

8 de outubro de 2009


Você está em uma roda de amigos, todos conversando ao mesmo tempo. Sem dar uma de Kanye West, como atrair a atenção deles para você? Falando alto? Sim, funciona também. Mas falar bem baixinho é mais interessante (e menos invasivo). Cochichar ao pé do ouvido gera a curiosidade. Seja em grande ou baixa escala, este sentimento é excitado. Alguns exageram. São neuróticos e sempre acham que o assunto é sobre eles. Outros se sentem fora da “rodinha da informação”. Não se importam: eles têm descobrir o assunto (principalmente se o assunto principal for o próprio).

Na internet, não poderia ser diferente. A curiosidade ganha novas proporções. Primeiramente porque o ambiente passa a idéia de que ninguém está te vigiando (Sim! Passa a impressão... o Sr. Google vê tudo!). Segundo, pela mudança de mentalidade dos novos internautas. A nova pratica não é se esconder por trás de apelidos e avatares, como era comum a alguns anos atrás, mas mostrar quem você realmente é (seja com assuntos externos ou pessoais). Algumas pessoas vão até muito longe com os dados íntimos. Diante esta exposição 2.0, os curiosos fazem a festa.

Atualmente, o Orkut e o Twitter podem ser encarados como verdadeiros Big Brothers online. Sem censura. Sem armação. Vinte e quatro horas por dia com toda a desinformação a quem possa interessar.


A nova onda agora é o Google Wave. O novo projeto que pretende juntar e-mail e redes sociais em um único ambiente. O período de testes começou a pouco tempo. Estão liberadas contas apenas via convite (sendo estes ainda bem escassos). O quadro que temos atualmente é: as pessoas não querem saber que o projeto está recebendo algumas críticas negativas ou que Robert Scoble definiu a ferramenta como improdutiva (tem tudo a ver com meu artigo anterior). Não importa! Por ser um serviço exclusivo, todos fazem questão de testar!

Ou melhor, não é simplesmente testar: o que as pessoas querem é fazer parte. Em uma mídia em que quase tudo é livre, colocar uma limitação para poucos “felizardos” remete a ilustração da rodinha de conversa. No final das contas, o que realmente importa é mostrar a língua e cantarolar: “eu tenho! Você não tem”.

Esta jogada do Google não é original. No lançamento do Gmail, foi utilizada a mesma estratégia. O fato da criação de um serviço de e-mail com um espaço de armazenamento muito maior do que os principais concorrentes da época era apenas um detalhe. Conheci muita gente só faltava fazer um crachá para celebrar a conquista de uma conta.
Alias, o pior não foi isso. Muitos usuários vendiam seus convites em sites como o Ebay. Com preços que ultrapassavam o bom senso. Fato este que se repete. No exato momento que escrevo este texto, vários usuários estão comercializando seus convites do Google Wave no mesmo site. Com preços que chegam a $35,00 (na semana passada, os valores atingiram na casa dos três dígitos). Você consegue alguma explicação para isso que não seja o fator curiosidade? Eu não.

Claro que não estou aqui para dizer que toda curiosidade é maléfica. O ser humano evoluiu na ciência, filosofia e tecnologia graças às mentes inquietas de grandes pensadores. Sou grato a estes homens. Mas existe uma diferença entre usar este “fator de inspiração” para casos produtivos e, do outro lado, ir de encontro a uma caixa gritando: É um, papapá! É um, papapá! É um, papapá!

4 de outubro de 2009

Recentemente, estava lendo o texto Como administrar seu tempo para blogar melhor, do Marcos Lemos. O artigo fala sobre a necessidade de separar um tempo exclusivo para cada atividade de seu interesse, tentando se livrar de todo o tipo de distração. Isso tende a gerar melhor qualidade de absorção de informação, gerenciamento de idéias e, conseqüentemente, melhores postagens. O controle do tempo, segundo ele, deve se expandir para todas as áreas, não apenas para o blog.

O engraçado é que, após começar a ler o seu texto, passei a perceber a quantidade de fontes de distração que estavam diante de mim: Twhirl, Justin.tv, MSN, WMP e mais umas três janelas que não estavam mais sendo utilizadas. Realmente, em alguns momentos tantas fontes acabam mais por atrapalhar do que ajudar.


A questão é que o ambiente do computador, em especial o da Internet, tende a fazer com que o usuário tenha atitude multitarefa. A própria criação das abas nos navegadores, foi totalmente influenciado por este cenário. Porém o nosso processador humano ainda tem um núcleo só. Por mais que consigamos ler um texto e ouvir música ao mesmo tempo, não é possível tirar 100% do proveito das duas atividades.

Na faculdade eu estudo uma matéria chamada hipermídia. Esta é uma tendência mundial na área da tecnologia, principalmente na internet. De uma forma simples, trata-se da junção de vários tipos de mídias em uma única interface. Por exemplo: imagine uma página de um site de notícias com um texto sobre o lançamento de um novo carro da Ford. Juntamente com o texto, existe um mini slide-show com fotos, uma pequena janela com vídeos demonstrativos, uma opção de avaliação em formato de podcast e, por fim, uma enquete ao leitor. Tudo isso em uma única página. Esta é a idéia por trás da hipermídia. Varias formas de informação são enviadas ao leitor. Sem uma ordem pré-determinada de visualização. Cabe ao leitor fazer sua escola.

Do ponto de vista de riqueza dos dados, a idéia é ótima. Afinal, o que importa, teoricamente, é a informação. Porém, esta compilação de diferentes formas de se navegar pode ser prejudicial do ponto de vista da usabilidade e produtividade.

Karine Drumond, em seu texto Produtividade, nós usuários e as ferramentas, diz: “Acredito que seja papel nosso, os que trabalham com tecnologia, de alguma forma, encontrar meios de equilibrar e conciliar estas questões: O que significa, mesmo, suportar multitarefa? Será que significa oferecer o máximo de opções para o usuário? Será que dessa forma estamos mesmo contribuindo para a produtividade, engajamento, satisfação ou estamos contribuindo para o cansaço, o stress, fadiga e esta insistente ansiedade dos nossos dias, que não parece acabar nunca?”

Esta é uma preocupação que tenho tido recentemente. Já que não tenho condições de separar um tempo adequado para todas as leituras que me interesso, tenho procurado ler, analisar e catalogar com mais atenção e cuidado os textos que consigo ler. Isso tem me ajudado bastante. A leitura de tantos artigos e em tão pouco tempo não estava dando um resultado positivo. No final do processo, por mais informações que meus sentidos captassem, eu não lembrava muita coisa.


Com respaldo cientifico, cito o quadro do Fantástico: Neuro Lógica, da neurocientista Suzana Herculano-Houzel (você pode assistir um episódio no próprio blog da Suzana). Um dos segredos para se melhorar a eficiência da memória é fazer as atividades diárias com atenção. Para meu pai, esquecer onde colocou as chaves é normal. Fazer as atividades com o piloto automático ligado é o responsável por este resultado.

O mesmo resultado vale para o tempo reservado para a leitura na internet. O auto-controle exige treino e dedicação. Mas vale a pena. Pelo menos até inventarem uma forma de absorver conhecimento inconscientemente...