Em uma recente entrevista ao programa do Stephen Colbert, Chris Anderson, colunista da Wired, fez apresentação do seu novo livro: Free. No contexto do livro, poderíamos traduzir tanto como “grátis” quanto como “livre”. Ao contrário do que você possa estar pensando, o livro não é gratuito (mas... existe uma versão “free” em audiobook disponível no próprio site da Wired). O livro trata de uma nova tendência: o usuário final paga menos, ou simplesmente nada, por algum certo produto.

O aumento da qualidade e queda do custo envolvido nos meios tecnológicos utilizados estão propiciando este tipo de mercado. Eu achei muito interessante seus comentários (você pode ler seu artigo, em inglês, aqui). O nível de comodidade que chegamos, e que promete alcançar, é visionário. Como uma empresa pode oferecer serviços gratuitos para seus usuários mesmo com gastos de servidor, funcionários e pesquisas para avanço do projeto?

No mundo da computação, as opções livres estão cada vez mais presentes: sistemas operacionais, e-mail, comunicação instantânea, música, vídeo, edição gráfica, jogos, etc. O melhor é que não é apenas oferecer uma opção gratuita. Existem casos em que estes programas são muito melhores do que muito software comercializado.

Eu mesmo sou assinante do provedor UOL (apenas por necessidade da Velox) mas dificilmente leio algum conteúdo exclusivo. O agregador de feeds gratuito do Google é meu ponto de acesso favorito.

Lembro de algumas campanhas publicitárias atrás sobre serviços de e-mail, elas ofereciam maior capacidade de armazenamento mediante pagamento. Esta questão já não é problema agora. O Yahoo já chegou a descrever, anos atrás, seu novo e-mail como espaço de armazenamento infinito.

Aqui no Brasil existe um exemplo bem interesse que utiliza a internet como ferramenta de mercado. O Tecnobrega, gênero musical típico do norte do país, utiliza meios fora do tradicional para sua divulgação. Os artistas fazem acordos de venda diretamente com os camelôs (definindo preços muito baixo para os CDs) e distribuição das faixas pela internet (não apenas pelo Myspace, mas até a troca via MSN é incentivada) são as táticas usadas para chamar a atenção do público. A banda ganha dinheiro realmente é com os shows. Uma solução muito interessante. O resultado parece estar dando mais certo do que as campanhas antipirataria das gravadoras.


Voltando ao efeito “free”, vale lembrar também de um modelo de negócios sugerido para os serviços gratuitos:

  • Subsídio cruzado: Na compra de determinado produto, você ganha outra mercadoria.
  • Suporte por anúncios: Anúncios publicitários pagam por sua exibição para o público final (como acontece na TV aberta).
  • Opção Freemium: Existe uma versão gratuita disponível, assim como uma versão Premium, com mais recursos.

Muita gente pensa que este pensamento “free” é exagerado demais. Uma utopia comercial. Mas o autor deixou bem claro, não é um modelo de mercado para todos os segmentos. No caso da internet, por exemplo, isso dá muito certo. Fico curioso para saber os futuros desdobramentos que este tipo de filosofia pode trazer.



Fontes: Entrevista sobre o tecnobrega no podcast IDGNow e resumo da palestra de Chris Anderson durante o IV Fórum Internet Corporativa.

Observação: Por um problema de compatibilidade com meu sistema operacional, as ilustrações que você vê neste post não foram feitas no Photoshop, mas em uma opção gratuita: ArtWeaver. Do pouco que usei, deu pra ver que ele é interessante. Se parece muito com a versão famosa. Tem alguns problemas sim (entre eles, não consegui editar as imagens com uma boa qualidade. Peço desculpas), mas é uma boa alternativa. Tenho que estudar melhor a ferramenta.