Esta imagem acima está ficando cada vez mais normal para os usuários brasileiros. Vários sites americanos têm bloqueado o acesso a seus vídeos de visitantes de certos países. Alguns utilizam a técnica de bloquear apenas quando se ultrapassa certa quantidade de visitas (como o caso do Justin.tv), já outros bloqueiam por completo (como o Hulu). Bloquear o acesso completo é fácil, mas será que estes sites estão agindo de forma correta? Não apenas para os visitantes, mas para si próprio.

Uma questão a ser discutida: Que tipo de conteúdo deve ser bloqueado? Canais como o da rede de Televisão ABC, possuem um player de vídeo transmitindo toda sua programação (apenas para os Estados Unidos). Seria até de certa forma racional pensar no bloqueio de certas atrações produzidas pelo canal (ex: séries e documentários). Afinal, eles querem vender o direito de transmissão para os demais países. Mas, será que TODO o conteúdo tem o mesmo potencial de exportação? Um telejornal, por exemplo.

Se por um lado existem vários talk shows bloqueados aos brasileiros (Jay Leno, Jimmy Kimmel, David Letterman, etc...) , existem algumas poucas (e gratas) exceções. Para exemplificar, cito os ótimos The Daily Show, do John Stewart, e The Colbert Report, do Stephen Colbert, ambos do Comedy Central. Com transmissão livre, via streaming, é possível acompanhar todos os programas completos. Além do fato dos dois apresentadores terem muito talento e desenvolverem um ótimo modelo de programa (aprenda com eles Jô!), eles tem conseguido boas atenções de alguns internautas brasileiros.


Outra questão: Qual foi a finalidade inicial de criar um canal de exibição na internet? Teoricamente, para atender a um certo público que não tem acesso a um TV, em um dado momento, seja lá qual for a razão. Restringir esta finalidade apenas aos habitantes que estão no próprio país, não faz sentido. Por exemplo, uma família americana vem passar suas férias no Rio de Janeiro, não seria conveniente ter a possibilidade de continuar a assistir seus programas favoritos?

Voltando ao ponto mais complicado desta discussão: os programas com potencial de venda. Se existe uma ferramenta que os canais devem agradecer é a internet. Em qual outra circunstância o mundo inteiro assistiria a um trecho do programa de auditório britânico Britains Got Talent (que revelou Susan Boyle)?

O seriado americano 24 Horas só se tornou o sucesso que é hoje graças ao boca a boca da internet. Existem séries, como Heroes e Prision Break, que possuem níveis relativamente baixos de audiência na TV, mas continuam na ativa pelo grande nome que adquiriram mundialmente.

Pessoas influentes também reconhecem:

  • O diretor J. J. Abrams (criador do seriado Lost e responsável pelo maior sucesso do cinema no momento: Star Trek) já reconheceu que o sucesso de suas produções se devem também as distribuições não autorizadas pela internet.
  • Trey Parker e Matt Stone, criadores do desenho South Park, também entenderam o novo mercado da internet e colocaram no ar um site com todos os episódios da série. Com direito a cenas de bastidores!

Diante de tudo o que foi exposto, fica a dúvida: o mundo está mudando tão rápido que os criadores não estão conseguindo acompanhar? Existem modelos tradicionais que já não funcionam mais. Veja o caso da música. Se por um lado existem pessoas visionárias com o modelo Myspace, temos de outro lado gravadoras tentando desenvolver novos sistemas de bloqueios contra pirataria. O cenário musical nunca mais retornará a era do disco!

A televisão também vive um cenário assim. Perdendo telespectadores, ela tenta buscar novos usuários na internet. Isso é bom. Mas existem alguns problemas de metas. Se ela leva o seu produto para a web é para ganhar relevância, destaque e um público diversificado. Então porque do bloqueio? Imagine o quanto eles poderiam maximizar sua renda de propaganda em seus sites. Os internautas não precisariam procurar por alternativas como proxys e torrents.

Acho que os internautas só irão começar a encarar com seriedade estes sites a partir do momento que eles nos tratarem com o devido respeito.