Em 1999, iniciaram-se as discussões sobre a elaboração da TV digital no país. Nove anos se passaram e agora esta tecnologia está sendo implementada em algumas partes do território brasileiro. A previsão do governo é que, até o final de 2009, todas capitais estejam preparadas para o novo formato. Para atingir todo o país, muito mais. A pergunta que faço aos senhores é: será todo este investimento realmente necessário?

Pesquisa da revista Info do dia 24 de Setembro de 2007 aponta que: “Internet ultrapassa TV na preferência dos jovens”. Esta é uma tendência mundial. O Brasil é um dos países em que seu internauta passa mais tempo conectado. Fatores estes que são reflexos da queda dos preços, facilidades nos financiamentos e diminuição no preço da banda larga (embora este quem vos escreve ainda estar preso aos 56 Kbps). Diante deste novo cenário nacional, será mesmo que vale todo este investimento neste novo padrão?

Terça-feira passada, pude assistir a palestra do Dr. João Benedito dos Santos Jr, da PUC minas, durante o I Simpósio de Computação da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI). O tema da palestra era “Implantação do Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre: Evolução, Implantação e Perspectivas”. Embora curta, foi uma ótima palestra. Explicações sobre o funcionamento, dificuldades de implementação nacional, diferenças de padrões, preços de set-up box e o futuro do ginga foram temas da palestra. Segundo o palestrante, um receptor, com recurso de interação, não seria possível ser produzido por menos de R$ 800,00, devido ao grau de complexidade do equipamento. Portanto, se você acreditou nas afirmações do governo sobre o preço do decodificador, saiba: aquele valor corresponde aos modelos mais simples! Deixando de lado o recurso que, teoricamente, seria o mais revolucionário no projeto.

Aliás, ainda não foi definido quem será o provedor de serviço interativo. Qual é a função deste? Digamos que seja implementado um sistema de interatividade durante as transmissões de futebol da Rede Globo. Ao utilizar o controle remoto para responder uma enquete, os dados não serão repassados diretamente para a o canal, mas sim para uma empresa que ficará responsável por todo o processo de interatividade. Sem este meio, também não há interação.

Diante deste quadro, fico pensando: Por que não investir na qualidade e ampliação da internet no Brasil? Afinal, toda esta “interação” já está disponível na rede. Por que das aspas? Pois esta pseudo-interação reflete os moldes da web 1.0 (na verdade, inferior até!). A interação do usuário é mínima. Sem emoção, envolvimento. Não possui valor agregado!

Paremos de olhar as sombras das paredes! Platão já alertou sobre isso muito tempo atrás. Somente com o governo mudando o foco da prioridade de investimento, que consigo ver uma real inovação para a sociedade. Não seria melhor?