Recentemente, estava lendo o texto Como administrar seu tempo para blogar melhor, do Marcos Lemos. O artigo fala sobre a necessidade de separar um tempo exclusivo para cada atividade de seu interesse, tentando se livrar de todo o tipo de distração. Isso tende a gerar melhor qualidade de absorção de informação, gerenciamento de idéias e, conseqüentemente, melhores postagens. O controle do tempo, segundo ele, deve se expandir para todas as áreas, não apenas para o blog.

O engraçado é que, após começar a ler o seu texto, passei a perceber a quantidade de fontes de distração que estavam diante de mim: Twhirl, Justin.tv, MSN, WMP e mais umas três janelas que não estavam mais sendo utilizadas. Realmente, em alguns momentos tantas fontes acabam mais por atrapalhar do que ajudar.


A questão é que o ambiente do computador, em especial o da Internet, tende a fazer com que o usuário tenha atitude multitarefa. A própria criação das abas nos navegadores, foi totalmente influenciado por este cenário. Porém o nosso processador humano ainda tem um núcleo só. Por mais que consigamos ler um texto e ouvir música ao mesmo tempo, não é possível tirar 100% do proveito das duas atividades.

Na faculdade eu estudo uma matéria chamada hipermídia. Esta é uma tendência mundial na área da tecnologia, principalmente na internet. De uma forma simples, trata-se da junção de vários tipos de mídias em uma única interface. Por exemplo: imagine uma página de um site de notícias com um texto sobre o lançamento de um novo carro da Ford. Juntamente com o texto, existe um mini slide-show com fotos, uma pequena janela com vídeos demonstrativos, uma opção de avaliação em formato de podcast e, por fim, uma enquete ao leitor. Tudo isso em uma única página. Esta é a idéia por trás da hipermídia. Varias formas de informação são enviadas ao leitor. Sem uma ordem pré-determinada de visualização. Cabe ao leitor fazer sua escola.

Do ponto de vista de riqueza dos dados, a idéia é ótima. Afinal, o que importa, teoricamente, é a informação. Porém, esta compilação de diferentes formas de se navegar pode ser prejudicial do ponto de vista da usabilidade e produtividade.

Karine Drumond, em seu texto Produtividade, nós usuários e as ferramentas, diz: “Acredito que seja papel nosso, os que trabalham com tecnologia, de alguma forma, encontrar meios de equilibrar e conciliar estas questões: O que significa, mesmo, suportar multitarefa? Será que significa oferecer o máximo de opções para o usuário? Será que dessa forma estamos mesmo contribuindo para a produtividade, engajamento, satisfação ou estamos contribuindo para o cansaço, o stress, fadiga e esta insistente ansiedade dos nossos dias, que não parece acabar nunca?”

Esta é uma preocupação que tenho tido recentemente. Já que não tenho condições de separar um tempo adequado para todas as leituras que me interesso, tenho procurado ler, analisar e catalogar com mais atenção e cuidado os textos que consigo ler. Isso tem me ajudado bastante. A leitura de tantos artigos e em tão pouco tempo não estava dando um resultado positivo. No final do processo, por mais informações que meus sentidos captassem, eu não lembrava muita coisa.


Com respaldo cientifico, cito o quadro do Fantástico: Neuro Lógica, da neurocientista Suzana Herculano-Houzel (você pode assistir um episódio no próprio blog da Suzana). Um dos segredos para se melhorar a eficiência da memória é fazer as atividades diárias com atenção. Para meu pai, esquecer onde colocou as chaves é normal. Fazer as atividades com o piloto automático ligado é o responsável por este resultado.

O mesmo resultado vale para o tempo reservado para a leitura na internet. O auto-controle exige treino e dedicação. Mas vale a pena. Pelo menos até inventarem uma forma de absorver conhecimento inconscientemente...